Pra quem gosta de história, história militar, história antiga e história de Roma, o livro A Legião de César, é um prato cheio e delicioso. Escrito por Stephen Dando-Collins, um especialista em história romana, o livro conta a saga da Décima Legião de elite de Júlio César. O profundo conhecimento de Collins, os detalhes e a forma de narração prendem a atenção do leitor do início ao fim. Destaco aqui alguns trechos do livro onde são apresentadas as características físicas e o treinamento militar dos romanos, assim como a indicação que a ingestão associada de carnes e vegetais (que no decorrer dos tempos deixaram de ser meros suplementos), parece que é responsável pelo aumento da estatura nos seres-humanos. Interessante também o fato de que contingentes (algumas vezes maiores do que as próprias legiões), seguiam o exército afim de tirar algum proveito comercial e econômico com as guerras e batalhas. "Assim, César tinha então sua 10ª Legião. Seis tribunos, todos jovens cavalheiros. Sessenta centuriões, todos originalmente provenientes das fileiras. E 5.940 homens alistados e oficiais não comissionados – no tempo de César, cada uma das dez coortes da legião possuía 600 homens. No tempo de César, também, o legionário tinha idade circunscrita entre os 17 e os 20 anos e se alistava para um serviço militar de 16 anos. Os legionários romanos tinham em média a altura de 1,63 metro, principalmente por causa da alimentação – que era baseada no pão. Carne e vegetais eram considerados meros suplementos. E batatas, tomates, bananas e café eram desconhecidos dos romanos. Mas, a despeito de sua baixa estatura, os legionários romanos eram bem preparados. Após um treinamento vigoroso e diário em armas e práticas de formação, eram capazes de marchar 40 quilômetros por dia, com equipamento que pesava mais de 50 quilos nas costas. Parte do treinamento da legião, implementado pelo cônsul Gaius Marius, 40 anos antes, envolvia o percurso de longas distâncias com todo o equipamento. Esses homens que se juntaram a 10ª tinham de estar bem preparados fisicamente – pois não apenas tinham que percorrer milhares de quilômetros nos anos seguintes, como também algumas das batalhas corpo-a-corpo não durariam apenas algumas horas, mas dias. (pág. 27). […] a 10ª Legião ajudou César a subjugar as tribos do ocidente da Península Ibérica, entre os rios Tejo e Douro, tribos como os calaeci e os lusitani, que deram seu nome a região, rumando o tempo todo para o Atlântico, na costa noroeste - “o Oceano”, como os romanos o chamavam. Uma após outra as cidades caíram e milhares de nativos foram mortos ou feitos prisioneiros. Os cativos eram vendidos em leilões para mercadores de escravos, que seguiam as legiões junto com outros catadores de lixo. Estes incluíam mercadores e prostitutas, que faziam a vida com as legiões, bem como as esposas de fato e filhos ilegítimos dos legionários e dos servos pessoais dos oficiais – hordas que, às vezes, eram conhecidas por excederem em número os homens do exército que elas seguiam." (págs. 29 e 30). (A Legião de César: A saga épica da Décima Legião de elite de Júlio César e dos exércitos de Roma. Stephen Dando-Collins. Madras Editora.) Por: Rodrigo Fabbio
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Junho 2018
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