Apesar de seguir no Facebook, ter lido alguns de seus artigos publicados no seu blog (http://www.olavodecarvalho.org/) e ter assistido alguns vídeos de palestras, entrevistas e debates, só recentemente terminei a leitura completa de um livro escrito pelo Prof. Olavo de Carvalho. O livro em questão foi: O Imbecil Coletivo: Atualidades Inculturais Brasileiras. Já fazia algum tempo que queria ler algum livro do Olavo, mas tinha dúvidas sobre qual começar, só sei que por algum conceito ou preconceito inerente e subjetivo, não queria começar pelo seu livro mais recente – O Mínimo Que Você Precisa Saber para não ser um idiota -, então escolhi a esmo; O Imbecil Coletivo. O que tenho a dizer é que através dessa leitura, além de tudo o que é possível aprender sobre os assuntos ali dissertados, é possível compreender porque Olavo de Carvalho é considerado um dos melhores e mais influentes filósofos da atualidade, pois enquanto a maioria da nação parecia alienada em berço esplêndido, ele, com pelo menos duas décadas de antecedência analisou, previu, expôs, questionou, argumentou, refutou e dissertou sobre a grande maioria dos assuntos políticos, culturais e sociais que hoje ocupam a nossa atenção. Pode parecer besteira, mas dissertando sobre a questão da validade de uma opinião/argumento ser verdadeiro ou falso pela simples adesão quantitativa (e não qualitativa), Olavo explica o que é democracia, o que na minha opinião foi uma das melhores que já vi, segue: "Em primeiro lugar, não existe nada de democrático no puro e direto governo da maioria. A democracia exige o respeito pelas minorias. Este respeito, por sua vez, nada tem de democrático se consiste apenas em deixá-las em paz no seu canto, intactas porém marginalizadas. A democracia começa no momento em que se concede à minoria o direito de tentar persuadir a maioria e tornar-se assim ela mesma maioria. Ora, isso pressupõe, como condição indispensável, que exista algum critério de verdade e erro que seja superior à lei do maior número. Se o único argumento válido em favor de uma ideia é que ela expressa o desejo da maioria, os argumentos da minoria ficam invalidados a priori e para sempre, a não ser no caso de uma mudança fortuita dos sentimentos da maioria. A democracia, longe de se identificar com o império da maioria, tem um de seus fundamentos essenciais na crença de que é possível a minoria ter razão contra a maioria. Esta crença é o único argumento que existe, aliás, em favor da liberdade de opinião. Se o critério mercadológico das aspirações coletivas se sobrepõe ao critério lógico da verdade objetiva, então a maioria tem sempre razão; e se a maioria tem sempre razão, a liberdade de expressão é desnecessária e até prejudicial, já que, em todos os casos e sem qualquer exceção concebível, haverá sempre uma e uma só opinião correta. Pior ainda, o “correto” não terá satisfações a prestar ao “verdadeiro”, e o que quer que pareça à maioria (ou a seus autonomeados porta vozes) bom e correto será automaticamente elevado à categoria de norma e de obrigação, por mais que sua execução contrarie as leis da natureza, a lógica elementar ou as exigências reais do estado de coisas. O império do “politicamente correto”, que impõe regras ao arrepio do mais elementar bom senso, que acredita, por exemplo, poder conciliar a total liberdade sexual com as suscetibilidades virginais de solteironas pudicas, é o que resulta de uma situação onde os desejos majoritários têm uma autoridade superior à da realidade mesma. É o reinado do wishfulk thinking. Por isto mesmo, a democracia não pode consistir no puro e simples império da opinião, mas da opinião fundada na razão." Sobre o livro: A obra faz parte e encerra uma trilogia que teve início com 'A nova era e a revolução cultural' (1994) e seguiu com 'O jardim das aflições' (1995), mas não é preciso ler os outros dois livros para entender este, como ressalta o autor: "Cada um dos três livros pode ser compreendido sem os outros dois. Mais difícil é, por um só deles, captar o fundo do pensamento que orienta a trilogia inteira." Ainda segundo o autor, a finalidade do livro é: "descrever, mediante exemplos, a extensão e a gravidade de um estado de coisas –atual e brasileiro – do qual A Nova Era dera o alarme e cuja precisa localização no conjunto da evolução das ideias no mundo fora diagnosticada em O Jardim das Aflições." Apesar da 1° edição ter data de agosto de 1996, o livro ainda é de uma atualidade ímpar, leiam sem medo. Por: Rodrigo Fabbio
0 Comentários
Enviar uma resposta. |
Aqui vamos falar sobre livros, filmes, peças, documentários e afins. Histórico
Junho 2018
Categorias |